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Novas Diretrizes para o Manejo da Pressão Arterial: O que Muda e o que Está por Vir no Brasil
Recentemente, a Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) divulgou novas diretrizes para o manejo da hipertensão, trazendo mudanças significativas para o diagnóstico e acompanhamento da pressão arterial. Entre as principais novidades está a adição da categoria “pressão arterial elevada”, que considera valores acima de 120/70 mmHg como indicativos de acompanhamento médico. Essa ajuste representa uma abordagem mais rigorosa, buscando identificar e tratar riscos potenciais de saúde em estágios iniciais.
No Brasil, entretanto, os padrões de classificação da pressão arterial ainda são diferentes. Atualmente, valores abaixo de 130/80 mmHg são considerados ótimos ou normais, segundo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). No entanto, há uma forte tendência de que o Brasil adote as novas diretrizes europeias em 2025, conforme destaca o Dr. Fábio Argenta, diretor do Comitê de Comunicação e da Comissão de Ética Profissional da SBC:
“A Sociedade Brasileira de Cardiologia costuma trabalhar de forma muito homologada com as sociedades Europeia e Americana, que são as maiores do nível mundial. É claro que algumas adaptações são fáceis para atender às especificidades da nossa população, mas há uma tendência de que seguimos os novos padrões.”
A atualização das diretrizes brasileiras para a pressão arterial reflete um movimento global, ampliando o controle da hipertensão e suas consequências graves, como insuficiências cardíacas, AVC e infarto. Porém, como o Dr. Argenta aponta, algumas terminologias ainda são motivo de debate entre os especialistas. A categoria “pré-hipertensão”, por exemplo, ainda é defendida por alguns médicos, enquanto outros acreditam que o termo “pressão elevada” é mais adequado e realista para a prática clínica moderna.
Além das classificações, o monitoramento fora do ambiente clínico ganhou ênfase, tanto nas diretrizes europeias quanto nas brasileiras. A SBC recomenda que o diagnóstico da hipertensão seja considerado também feito na residência do paciente, o que permite uma avaliação mais precisa e evita o chamado “efeito do jaleco branco” – onde a pressão arterial pode ser elevada momentaneamente devido à ansiedade durante uma consulta médica .
Essa nova visão sobre a pressão arterial e o controle da hipertensão tem implicações significativas para a saúde pública no Brasil, onde cerca de 30% da população adulta é hipertensa. Segundo o Dr. Argenta, a SBC trabalha para melhorar esses números e alcançar o controle de 70% dos hipertensos até 2030. Essa meta exige uma conscientização maior sobre a importância do acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida, como dieta, atividade física e controle do estresse.
A adoção de diretrizes mais rigorosas e a integração de métodos de monitoramento em casa reforçam a importância de agir preventivamente, identificando riscos potenciais antes que eles se transformem em problemas maiores.
Essas atualizações podem representar um divisor de águas para o tratamento da hipertensão no Brasil, e o Dr. Fábio Argenta permanece comprometido com o desenvolvimento de políticas que promovam a saúde cardiovascular da população.